domingo, 28 de fevereiro de 2010

Ao leitor

Eu sei que é cedo e o blog mal começou, e já estou me dirigindo ao leitor que tem a paciência de Jó para me acompanhar. Bom, esse post é apenas para me dizer que estou muito feliz com a recepção deste blog. Já recebi e-mails, mensagens no Orkut, de pessoas que nem faço a ideia de quem que sejam, mas que analisaram criticamente às posições contidas aqui, e como é de se esperar, alguns me criticaram, outros concordaram, outros fizeram uma síntese do conteúdo, acrescentando novas informações, perspectivas, o que fez a ideia inicial se expandir.

Também é válido ressaltar que às críticas ou elogios que são meramente superficiais e para encher linguiça, eu nem faço questão de ficar chateado com os primeiros ou deslumbrado com os segundos. Exemplos: um leitor me acusou de estar utilizando uma linguagem arcaica, fato que não concordei, pedi-lhe que me mostrasse uma palavra em todos os meus textos que não esteja em plena vigência na nossa língua, que não esteja em qualquer dicionário meia-boca. Outro leitor me acusou de ser superficial, que eu deveria aprofundar mais nos assuntos, este também o contestei, porque até agora não me apresentou o que seria profundo e interessante para ele. Alguns me elogiaram muito, mas sem demonstrar a razão para tal ato, apenas palavras vazias e de incentivos, creio serem mais válidas do que às críticas infundadas, porque pelo menos estes nos ajudam a continuar.

Dessa maneira, estou muito animado, espero continuar escrevendo textos interessantes, que não se percam na futilidade, que não sejam excessivamente eruditos (chatos) e que continuem a renovar e despertar o interesse ao leitor, principalmente naquilo que me propus desde o primeiro post; fazê-lo pensar, ao menos por um momento.

Obrigado!


Obs: O próximo texto será uma crítica sobre um filme que eu gostei muito, trata-se de uma biografia de uma das maiores cantoras de todos os tempos: Edith Piaf.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Medo!



O Leandro não é um cara aficionado por poesias, mas existem alguns poetas que sempre lhe despertou grande interesse, cito: Carlos Drummond, Augusto dos Anjos, algumas poesias de Shakespeare, Dom Veronez, entre outros.

Drummond é o seu poeta favorito (preferência nacional), este consegue misturar muito bem dois itens que, prima facie, parecem opostos; simplicidade e profundidade, no entanto, não o é.

No livro sentimento do mundo (obra obrigatória na maioria dos vestibulares), Carlos Drummond traz um poema que se refere ao medo. Sentimento que é uns dos responsáveis por estarmos aqui, afinal, é um legado da evolução, se nossos ancestrais comuns não tivessem tido medo de possíveis predadores e ameaças, provavelmente não estaríamos aqui escrevendo este texto.

O medo como todos os outros sentimentos também tem o seu lado negativo, pois quando maximizado converte-se num transtorno emocional conhecido como fobia, que é o medo exagerado de algo. Diante disso, podemos extrair algumas perguntas que tem como finalidade refletir..

Quantos países ou pessoas já cometeram atrocidades, muitas vezes injustificadas, simplesmente por temerem algo? Quantas pessoas deixam de viver o hoje e vivem no asceticismo, puritanismo e falso moralismo (ismo), simplesmente por temerem a morte ou um possível castigo divino no amanhã? Quantas pessoas deixam de fazer coisas que poderia modificar a sua vida em 360º (Carla Perez), por medo? Quantos deixaram de fazer isso ou aquilo por medo de levar um mero não? Enfim..

O homem que consegue lidar com este sentimento é um grande sábio, e talvez, quando morrer, nascerão flores amarelas e medrosas em seu túmulo heheeh..

Congresso Internacional do medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que estereliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Deixe-me por um instante

Sem dúvida esta década que se esvai foi uma das que mais modificou a nossa vida cotidiana. Ocorreu uma inserção única na tecnologia, os computadores deixaram de ser um instrumento de trabalho e passou a ser algo comum em nosso dia-a-dia. Dessarte, nunca estivemos tão conectados uns aos outros e, também, nunca precisamos tanto uns dos outros. Surgiram várias redes sociais, sejam elas de bate-papos, sites de relacionamentos, ou programas que nos conectam vinte e quatro horas como o MSN. O celular também pode ser um exemplo, hoje ele passou a ser muito mais do que uma tecnologia, é quase uma extensão do nosso corpo. Entretanto, ocorreu um grande aumento de doenças ligadas à depressão, como no recente comunicado da OMS*, aquela está se transformando numa praga e na doença que mais acomete a população mundial, e promete ser em 20 anos a causa de grande problema para humanidade. Será que esta inserção à tecnologia e as novas formas de integração e de convívio social têm alguma relação com casos de depressão? (Não esgotarei o conteúdo desta pergunta neste texto, esta será objeto de análise num texto futuro.)

Arrisco a dizer que sim, e essa é a proposta deste humilde texto. Percebo que ficar sozinho sem estar conectado a todas aquelas parafernálias mencionadas, pelo menos por um instante, ou por algumas horas, tornou-se uma tarefa árdua e difícil. Simplificando, eles não conseguem se aguentar. Por várias vezes encontrei colegas, amigos, conhecidos e similares, em algum momento em que eles precisavam ficar sós, não por que queriam, mas por que eram compelidos por circunstâncias alheias as suas vontades, como num ponto de ônibus, ou isolado numa biblioteca, ou por que tinham que esperar algo, etc. E nesses momentos eu os percebia numa profunda melancolia, com caras pálidas e tristes, e sempre faço questão de perguntá-los o porquê, mas antes, quando me veem, sempre me dizem: nossa, graças a Deus (amém) você apareceu, não estava agüentando mais ficar aqui sozinho. Eu sempre os respondo: Ei! Você estava consigo, não estava só. E eles: ahh é que eu não gosto de ficar sozinho, me dá depressão. A maioria responde isso...

O não isolamento gera adultos que tendem a infantilidade, que não conseguem andar com as suas próprias pernas. Vejo muitas conseqüências negativas para este fato, experimentem numa festa ou em algum lugar que estejam reunidos algumas pessoas e saia por um instante, seja para tomar um ar, ou para dar uma pensada (tipo quem ganhará o BBB**, ou nos problemas corriqueiros da vida.). Você perceberá que a atmosfera mudará, e logo os seus amigos pensarão um milhão de coisas e despejarão adjetivos, como: anti-social, autista, sistemático. Na melhor hipótese dirão que você está muito triste e aconteceu algo sério. Isso tudo por você apenas querer ficar só por um instante?

Está sendo cultuado mais do que nunca (Faustão) o grupo, a felicidade esta que se encontra no final de um arco-íris***, só existe se você estiver abarrotado de amiguinhos, de contatos e de figurinhas no Orkut que não te dão espaço para pensar.

Voltando a proposta inicial, este não isolamento e esta conectividade exarcebada está gerando sim alguns transtornos como a depressão. No próprio conceito da palavra podemos aferir que esta se caracteriza no momento em que o indivíduo toma conhecimento da solidão que se encontra. E estes percebem isso quando por uma jogada do destino, ficam sós, e não tem a quem recorrer. Se tivesse se precavido antes; separado momentos de isolamento, reflexão, e a chamado boa solidão, tenho certeza que esta maldita não viria tão forte.

Assim sendo, como diz o velho aforismo em latim, nosce te ipsum, conheça-te a ti mesmo, há só uma forma de se conhecer, e lhes garanto que não é ficar a todo o momento rodeado de pessoas, e querer fugir da inevitabilidade de uma hora ter que se aguentar. Reserve um tempo, reflita, faça uma caminhada (sem enfiar um mp4 na sua orelha) para que você pense e sinta mais confortável quando os momentos de solidão aparecer. Por favor, não seja mais uma futura vítima daquela inimiga que assombra nossas mentes felizes..


*http://www.portalms.com.br/noticias/OMS-alerta-para-aumento-da-depressao-pelo-mundo/Mundo/Saude/959559908.html

** Eu não assisto este programa maravilhoso.

*** Não acredito na felicidade eterna, acredito em momentos felizes, como a maioria.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Ele e eu


A minha intenção quando criei este blog, não era/é ficar falando sobre mim, mas sim de vários assuntos como já mencionei no post de apresentação. Contudo, frequentemente alguns amigos e leitores que me dão a honra de me seguir, sempre me perguntam (essa pergunta vem antes do blog) o porquê de eu utilizar a terceira pessoa.

Quero lhes dizer desde já, e frustrando o entendimento de alguns especialistas de plantão, que não sou um caso raro de dupla personalidade hauhauha., e também como os outros interpretaram o meu ego não é tão grande que chego a transferi-lo a um terceiro (eu mesmo). Não é nada disso, é lógico, simplesmente utilizo a terceira pessoa porque me sinto mais imparcial, e não fico apenas no eu, eu, eu. Sinto-me mais honesto comigo mesmo, imparcial é a palavra, também noto que a ideia flui mais facilmente, fico menos preso as amarras.

− Então, Leandro, você acha que os convenceu?

− Não sei meu caro, mas pelo menos eu tentei..

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Eu sei

A inclusão digital e o acesso à internet para muitos é uma benção. De certa forma até concordo, porque nunca na história deste país (plágio vagabundo), o povo esteve tão informado. No entanto, estou percebendo certo fenômeno que está crescendo na mente da geração Google, e até mesmo das outras, no qual eu intitulo de “eu sei”.

É incrível como esta frase está sendo tão irresponsavelmente utilizada. As pessoas sempre sabem, e raramente encontramos alguém disposto a aprender ou reconhecer que realmente não sabe tanto quanto imagina saber (tou parecendo Sócrates). Bom, atribuo este fenômeno ao bombardeio constante de informações úteis ou não que somos diariamente expostos, são milhares delas, e o nosso filtro cerebral já não está sendo mais capaz de absolver tanto conteúdo.

Mas o que verdadeiramente me preocupa é que o “eu sei” está invadindo esferas até então limitadas a certos grupos de estudantes, que estudam especificamente determinados assuntos, como acontece no Direito, Medicina, Economia, etc. E é aí que mora o perigo. Recentemente no JESP uma pessoa que não estava sendo assistida por um advogado, numa petição extremamente mal redigida, pediu algo que fugia totalmente do objeto da lide, caberia uma repetição de indébito, no caso, no entanto, ela pediu algo totalmente diferente e que não enquadraria naquela ação, enfim, como era de se esperar o Juiz indeferiu o pedido. Mas, curioso, eu perguntei para esta parte onde ela tinha buscado informações para embasar a sua petição, logo ela respondeu: eu joguei na net (Google) e procurei alguns casos parecidos, putz.

Outro episódio foi quando eu retirei as tonsilas palatinas (amídalas). Uma senhora que aparentava ter uns vinte e poucos anos me perguntou se eu não tinha medo de perder algumas funções cerebrais, tais como a memória, concentração, etc (eu estava numa clínica de otorrino, antes que me perguntem). Senhores, aquela mulher quando fez a sua busca na internet acreditou que as amídalas da garganta eram na verdade as amígdalas do cérebro. A minha reação, evidentemente, foi de espanto misturado com uma vontade de rir. E olha que ela não me parecia ser alguém do campo como eu, mas sim, alguém razoavelmente instruído e que portava boa aparência.

Com esses exemplos esdrúxulos, quis que vocês visualizassem esta idéia que estou tentando desenvolver. O “eu sei” está criando uma legião de espertinhos que não têm mais humildade de buscar, de se informar e averiguar as suas fontes de informações. É fácil jogar no Google; pegue a primeira página que aparecer, é prático, rápido.. Essas pessoas não conseguem mais ler livros, porque estes são lineares, não escutam um álbum inteiro, preferem músicas esparsas e ecléticas. Querem tudo resumido, muito bem explicado e pra ser melhor ainda, num português bem fácil de se entender, né?

Tenho plena consciência que a tendência é só piorar. O conhecimento verdadeiro, aquele buscado em fontes seguras, difícil de ser angariado, que necessita de esforço, reflexão e um CuDeFe será raridade num futuro próximo. Tomara que os pusilânimes não vençam esta batalha do saber, e que os outros continuem buscando a espisteme, como diria Platão.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Apresentação

Olá! Finalmente depois de muita reflexão, mais ou menos uns oito anos, resolvi criar este blog. Por que tanta reflexão (masturbação mental) para algo tão insignificante diante da imensidão da internet? A reposta é simples, sempre tive cuidado com às minhas opiniões e percepções de vida, sei que no meu ponto de vista são coisas normais, afinal, partem do meu intelecto, porém para os outros talvez não sejam.

Não tenho a intenção ou o propósito de ser inovador, também não quero ser o dono da verdade (se é que há dono), apenas desejo ser mais uma perspectiva, sobre diferentes assuntos, como: literatura, cinema, esportes, trivialidades, vida cotidiana, etc. Enfim, tudo o que um aspirante a pensador tem direito a opinar.

Quero ressaltar para não me interpretarem apenas literalmente, não tenho como escopo ficar criando alegorias num blog, aquelas em que o autor coage o leitor a pensar de uma forma, por meio de metáforas, charadas incutidas no texto para levar a algum raciocínio subentendido. No entanto, abrirei espaços para interpretações, porque querendo ou não, às vezes, quando falamos de nós, ou seja, de algo subjetivo, nem sempre há palavras suficientes ou corretas para chegar a uma determinada ideia, que talvez só passe pela cabeça do autor, abrindo assim espaço para outras visões.

Finalizando, espero ser uma companhia agradável, crítica (sem exageros) e ao mesmo tempo divertida no seu cotidiano.