domingo, 23 de maio de 2010

Vende-se felicidade


Felicidade e dinheiro talvez sejam as palavras que mais utilizamos na nossa vida cotidiana. Quase sempre associamos uma à outra, e por muitas vezes, acreditamos que são diretamente relacionadas. Será que o dinheiro traz felicidade? Tentarei na medida do possível responder esta pergunta de caráter universal, todo mundo tem uma opinião particular sobre este assunto, e neste texto será visto apenas mais uma. De imediato já ressalto que não tenho interesse em fazer apologia ou uma crítica ao capitalismo, não quero entrar neste mérito, apesar de que em alguns momentos terei que mencioná-lo.

Primeiro, quero destacar a subjetividade desta questão, todos nós sabemos que felicidade é uma palavra cujo conceito nos remete à individualidade de cada um, o que pode ser momentos de alegria pra mim (tomar chá quente às 17:00 e fazer uma caminhada ao bosque às 17:30 mood ironia on) pode não ser para os outros.

No entanto, parte da Economia, por exemplo, entende-a como a utilidade que adquirimos ao consumir determinados bens de consumo, esta felicidade é a mais operante neste sistema que estamos inserido, para ser claro, utilidade é o prazer (felicidade) que o indivíduo afere ao comprar certo bem. Se hoje compra uma televisão que tem determinadas funções, ela possui utilidade, porém, à medida que aparecer outras, ela irá perdendo-a e o consumidor entra num ciclo vicioso, tendo que comprar outra para adquirir aquela inicial. Para maiores detalhes, o Utilitarismo de Jeremy Bhentam explica bem este ponto.

Também existem várias outras formas, não abordarei todas por não ser possível, mas a mais importante é a felicidade real, aquela que por um período de tempo razoável, a pessoa independentemente de fatores financeiros consegue extrair de certo momento, prazer verdadeiro, sincero, imediato e que perdura por um bom tempo. A maioria das pessoas maximizam o dinheiro acreditando que o fim dele é esta, porém, arrisco a dizer que não é por aí.

Reconheço que o carente de recursos financeiros pode ser feliz ao seu modo, contudo estará prejudicado nesta realidade, pois não terá certos funcionamentos que influenciam diretamente no bem estar subjetivo, que pode apenas ser auferido com base na renda, como; um sistema de saúde adequado, educação de qualidade, lazer e outros meios que ajudam adquirir a felicidade. É de se entender que uma pessoa sem acesso a um sistema de saúde, provavelmente poderá não ser feliz, pois caso fique doente não terá onde recorrer.

Em contraposição, o sujeito que tem acesso a esses bens, provavelmente poderá adquirir felicidade útil por meio do dinheiro, tendo os funcionamentos, acesso à saúde, à educação, ao lazer e meios de exteriorizar a opinião que também influencia, ou seja, consequentemente terá mais chances de ser feliz do que o já citado carente financeiro.

Contudo, a minha ousadia neste texto é tentar demonstrar que existe um limite para a felicidade útil dada pelo dinheiro. Alguns problemas no meu entender acontecem quando as pessoas apenas enxergam-na apenas no sucesso financeiro e na quantidade de capital. Enfim, quantos vivem uma rotina subumana para acumular mais, ter mais renda, acreditando que isso trará momentos de alegria, mas não parece ser isso o que acontece

Acredito que a felicidade real está sendo deturpada, e cada vez mais esquecida. O dinheiro, não nego, pode ajudar, porém, acredito que existem outros meios igualmente ou até mais eficazes que podem corroborar para a sua efetividade. Às vezes, esquecemos de viver os momentos mais simples da vida, que possui um valor inestimável para a verdadeira alegria e vivemos bitolados querendo acumular mais e mais, esquecendo do hoje, do momento, que por mais simples que seja pode valer mais do que qualquer bem material adquirido. Cito como exemplo, um almoço feliz em família, uma reunião de bons amigos, uma conversa sincera e legal com alguém que gostamos, todos esses citados, não tem preço, como diria uma rede de cartões..,

Portanto, tenho a plena consciência de que o dinheiro é uma faca de dois gumes, que ao mesmo tempo pode nos trazer felicidade na utilidade das coisas e nos funcionamentos (importantes) de determinados bens, quando este é priorizado em detrimento de outras importantes faces da vida, provavelmente ocorrerá o efeito contrário. Como já presenciei, algumas vezes, e talvez, seja a frase que esteja na consciência coletiva da terceira idade abastada, aquele velho lamento; “ eu poderia ter aproveitado mais a vida, ter sido mais feliz, ao invés de ficar acumulando fortuna que em pouco tempo não me trará mais nada, não comprará o tempo perdido, os momentos felizes, e principalmente minha alegria de viver..” Note que provavelmente você já deve ter ouvido algo parecido, mas será que aprendeu com a lição?

10 comentários:

  1. Leandro, ficou muito bom seu texto, com certeza os melhores momentos de felicidade são gratuitos,o prazer de estar com pessoas amadas, a conversa com os amigos e tantas outras coisas que deixam sempre algo de bom , diferentemente dos bens adquiridos que quando passa o primeiro momento de entusiasmo deixam sempre um vazio e um sentimento de frustração imensos.

    Tânia Alves Helou

    ResponderExcluir
  2. Realmente Leandro, é um assunto
    que parece irrelevante, mas que
    ao ler o seu texto detectamos
    questões pertinentes, as quais
    devem ser repensadas por cada um de
    nós, isto é, qual o sentido do consumo
    constante. Será a falta de objetivos na nossa
    vida, distinguir o que me faz ou não
    ser feliz; enfim parabéns pelas suas colocações,
    elas me fizeram refletir muito sobre o meu comportamento como ser humano!

    Melmara Montes

    ResponderExcluir
  3. Cada dia me surpreendo mais com tuas reflexões.
    Parábens meu amigo. Eis algo que o dinheiro não compra, o sentimento de admiração e amizade, coisas que certamente nos trazem muito mais alegrias que qualquer barra de ouro.
    Maciel

    ResponderExcluir
  4. Leandro, não tenho o que criticar, pois vc deixou claro que é a sua opinião desde o início do texto.. Parabéns, meu amigo, te conhecendo sei q respeita todos os posicionamentos,seus textos a cada dia estão ficando mais maduros, abração.. e continue escrevendo, não pare!. Como já disse, vc já é um ótimo escritor...

    Pedro Henrique..

    ResponderExcluir
  5. vc realmente tocou em um ponto delicado.... pois no seu exemplo, alguém que seja pobre pode se sentir infeliz por nao ter dinheiro pra tratar de sua saúde, mas quando um rico tiver problemas de saúde, ele nao vai se sentir feliz por estar em um bom médico, mas vai pensar: "dinheiro nao é tudo, nao tras felicidade"
    é uma linha muito tênue que separa esses dois pensamentos. acredito que o dinheiro traga sim felicidade, mas a metida que se acostuma com ele e com o que ele pode trazer, passa-se a pensar que nao é tão essencial. assim como um pobre que ganha uma bolada vai dizer que tras toda a felicidade que alguem precise ou queira.

    Matheus Rodrigues

    ResponderExcluir
  6. Leandro, bom te conhecer um pouco mais em meio a essas reflexões, e melhor ainda, ver um pouco mais assuntos atuais e polêmicos quanto esses, sobretudo quando incrementados por pertinentes comentários. Certamente, pelo seu ponto de vista e dos comentadores, os espaços se ampliaram àqueles que leem. A propósito, feliz decisão a de criar o blog! Se me permite, no próximo texto, farei comentários como seguidora.

    Cleidmar Borges

    ResponderExcluir
  7. Cleidmar, pra mim será uma honra ter os seus comentários...

    ResponderExcluir
  8. Parabéns Leandro!
    Você sabe que o admiro, mas não faz ideia do quanto.
    Amanda Alves Helou

    ResponderExcluir
  9. Amei este texto. Eu sou novo neste blog. Acho que vou copiá-lo para o meu blog. Mas, colocarei o link deste.

    ResponderExcluir
  10. Bela reflexão. Parabéns.

    Abn.

    ResponderExcluir