Há muitos anos que não professo nenhuma religião, faz tempo que não acerto às contas com o homem lá de cima. Isso, porque, sou descrente, não acredito na ideia de que exista um Deus pessoal que fica nos coordenando ou atendendo às nossas vontades particulares. Até admiro as pessoas que assim acreditam. Para ser sincero, sou muito tranquilo a esse sincretismo religioso do povo brasileiro, até pouco tempo, no entanto, achava-o infantil e deveras contraditório.
Hoje o acho engraçado, na segunda, o crédulo joga flores para Iemanjá, na quarta vai ao centro espírita tomar um passe para tirar as urucubacas, e finalmente no domingo, vai à missa receber o Corpo de Cristo materializado na hóstia. Atribuo a este pensamento a uma falta de diretriz ou de um conhecimento mais sólido de todos esses institutos (religiões) mencionados, resumindo, eles atiram para todos os lados, quem sabe uma hora dá certo.
Bom, o propósito deste texto não é fazer uma crítica às religiões ou a essas peculiaridades de boa parcela do povo. O meu objetivo aqui é abrir um parêntese a respeito de uma força que todas elas utilizam como instrumento; a fé. Como disse não acredito em nenhuma delas, mas, não sou uma cadeira, algo sem vida que vive apenas limitado às causalidades físicas conhecidas, acredito sim nesta força que as pessoas chamam de fé, prefiro denominá-la de outra maneira, a chamada força do pensamento.
Não conheço, ainda, nenhuma fórmula matemática ou da física que tenha quebrado em partes esta faculdade inerente que temos dentro de nós. Acredito muito no poder do pensamento, seja ele positivo ou negativo, apesar de achar que aquele é sempre mais forte e certeiro. Eu sou uma testemunha disso, incrivelmente sempre que mentalizo coisas positivas, não é que acontece, temos um poder de mudar as coisas, algo que já faz parte deste conjunto biológico, mas que ainda não compreendemos corretamente. A mente humana é um grande mistério, mas é certo que ela é capaz de “fazer coisas que até Deus duvida” (propaganda de algum filme da sessão da tarde).
Faz alguns meses que li um livro por acaso, talvez a força do universo tenha conspirado ao meu favor para lê-lo. É um Best-seller muito famoso, chamado de: O segredo. Um parente havia o comprado e por obra do destino deixou em minha casa, eu fiz uma leitura dinâmica (alá professor Hilário)** e o terminei no máximo em cinquenta minutos. O texto é bem simples, objetivo, fácil, porém, confesso que foi uns dos piores livros que já li em toda a minha vida, quase joguei na rua para o caminhão passar. Ele é falacioso, cheio de premissas verdadeiras com conclusões absurdas, uma grande porcaria. Não obstante, a ideia central trata-se exatamente do tema aqui abordado; como a força do pensamento pode nos trazer coisas positivas, dava para a autora escrever isso em poucas linhas, mas preferiu fazer um livro mágico, cheio de depoimentos pessoais, alguns até engraçados, diria. Em um exemplo, ela afirmou que se tivermos muito endividados, é só pensar positivo na quantia que em pouco tempo chegará num envelope em sua casa com o dinheiro necessário para adimplir as obrigações, bom, até hoje ainda não chegou pra mim, vai saber. Em outro, ela afirma que toda vez que você sair de casa e mentalizar a vaga do estacionamento dos seus sonhos, o universo conspirará ao seu favor e por quase um milagre ela estará lá, bonitinha, também não tive esta sorte. É uma mistura daquela ética capitalista americana com um pouco do misticismo da fé. Não o recomendo.
Porquanto, apesar de ter fides, não vinculo minha vida e expectativas apenas nesta. É provável que exista sim, como havia dito, todavia, não acho que ela seja suficiente para a realização de qualquer coisa caso a pessoa fique inerte. Outros fatores devem coadunar para alcançar os objetivos, como; determinação, perseverança, vontade, entre tantos mais. Somando com a fé, aí sim, teremos uma combinação muito forte, capaz de gerar o verbo e a ação. Como disse recentemente o maior cantor popular brasileiro, Roberto Carlos, a fé não remove montanhas, mas com certeza nos ajudará a escalá-la.
* Fé, no latim..
** Professor do Direito que tinha a incrível capacidade de ler quatro páginas de prova em apenas uma piscadela, algo que foge da compreensão de qualquer humano normal.
Boa Páscoa! E que a boa sorte te abençoe..